quarta-feira, 3 de abril de 2013

Pilar-PB: É uma Falsa Cidade Educadora 2



Foto: Google Imagens


         Já deixei claro que o sistema educacional do município é pobre, deficiente, engessado e opressor. Então fica extremamente difícil despertar nos habitantes a perspectiva sólida de poder ocupar um posto na sociedade. Não estamos formando nossas crianças, todas estão sendo desprezadas e permanecem agonizando na marginalidade dos padrões sócio históricos locais. Centenas de crianças não enxergam a escola como um lugar instigador, prazeroso, mas como pretexto de se obter a refeição do dia. Péssima refeição por sinal. Pilar ousa viver do pretérito. Enquanto isso, inúmeras crianças que deveriam estar recebendo educação de qualidade, estão padecendo como espíritos imundos que consomem a carne morta, totalmente pútrida.
         No princípio de número treze está explicito que:
        
          A cidade educadora deverá dar uma formação efetiva às pessoas sobre a informação. Deverá estabelecer instrumentos úteis e linguagem adequada para que seus recursos estejam ao alcance de todos num plano de igualdade. Assim, será comprovado que a informação concerne verdadeiramente aos habitantes de todos os níveis e idade. (princípio 13). 
        
              É este um dos mais altos picos da montanha da hipocrisia. Pois, informação e transparência são substantivos que não nomeia nenhum seres aqui presentes. Quando se tem um projeto em vista, primeiro os líderes políticos beneficiam seus familiares e amigos e em seguida, coloca a conhecimento da população as vagas remanescentes. A secretaria de Educação e Cultura, por exemplo, nunca cumpriu seu papel de maneira coerente e ainda permanecem no mundo do “Faz de Contas” que existe.
         Adiantemos para o próximo princípio:

           A cidade deverá garantir a qualidade de vida a partir de um meio ambiente saudável, e de uma paisagem urbana em equilíbrio com seu meio natural. (princípio 17).

        Pilar deixa a desejar em diversos aspectos. O meio ambiente é um deles. Como pode uma cidade educadora permitir que seus rios sejam dragados sem trégua e recebam dejetos indústriais e de vasos sanitários de uso coletivo? Que a poeira oriunda dos movimentos dos carros caçambas deixem o ar acinzentado? São muitas as contradições!
Por mencionar o termo contradição, que presume, ideia contrária, vejamos o próximo princípio:

              Todos os habitantes da cidade têm o direito a reflexionar e a participar na construção de programas educativos e a dispor de instrumentos necessários para poder descobrir um projeto educativo na estrutura e no regime de sua cidade, nos valores que esta fomente, na qualidade de vida que o ofereça, nas festas que o organize, nas campanhas que prepare, no interesse que manifesta com respeito a eles e na forma em que os escute.( princípio 19).
         
           Quando se trata do público, automaticamente o mesmo torna-se privado. A classe popular é excluída de todas as ações democráticas e educativas. Os eventos festivos do município são pobres e consequentemente empobrecedores da verdadeira cultura. Prega-se alusão ao “nada”. O pior é que a massa se contenta com uma banda musical qualquer exaltando a pós-orgia. Neste sentido todos tornam-se reflexo de si mesmo de maneira real, porém ainda assim, não veem, não percebem nada diante de seus olhos, pois são ébrios, totalmente ébrios.
        Outro ponto contraditório está no vigésimo princípio. Passemos a observar:

                 Uma cidade educadora, não segregará as gerações. Os princípios anteriores são o ponto de partida para poder desenvolver o potencial educador da cidade de todos os seus habitantes. Esta carta, por tanto deverá ser ampliada com os aspectos não tratados nesta ocasião. (princípio 20).¹
           
          Bom, segregar é o mesmo que isolar. Portanto, não se observa na história deste torrão,tão amado por seus conterrâneos e tão difundido pela literatura, através de Zé Lins do Rego, outro desprezado por seu município de origem, práticas que censurem a segregação; Seja ela racial, cultural ou religiosa. O que sempre se observou é um sistema falho, demagogo, oportunista, que sempre visualizou a cor da pele como sendo indicador de boa ou má índole, que sempre considerou a religião como sendo apenas dois polos. Por falar em questões religiosas, percebe-se que nas escolas se tem um ensino religioso medíocre, totalmente inadequado. Pois apenas ensinam a decorar os termos identificáveis de capítulos e versículos bíblicos. Somos um país negro, ao mesmo tempo que estamos subordinado a um tipo de governo que ignora seus traços de identidade cultural. Fazem nascer deuses seletistas, que prima o alvo e condena o escuro e seus derivados.
             Pelo que foi exposto, fica evidente que a cidade de Pilar-PB não possuía e também não possui no presente momento, o minimo de capacidade necessária para ser considerada um cidade educadora. Destarte, o que ocorreu no ano de 1999 não é motivo de orgulho e sim de tristeza profunda. Como afirmei outrora, Pilar vive de momentos pretéritos, improdutivos. E por incrível que pareça, se orgulha de seus fracassos. Maquiaram as reais condições da cidade para que pudesse obter o status de 1ª cidade do Brasil a ser aceita como membro da Associação Internacional das Cidades Educadoras com sede em Barcelona – Espanha. Para que tal feito fosse consumado, criaram um projeto de lei que se assemelha e muito ao que fora criado para alterar o nome da Praça João Pessoa, e também descaracterizar a principal praça da cidade, que agora serve de mesas e bancos de bares a céu aberto. A cidade que se preocupa com o meio ambiente substituiu a vegetação por areias pálidas areias e que retratam de forma sublime a face da velha Vila do Pilar.
               Em meio à tantas contradições, dirijo minhas preces a Dice/Diké( filha de Zeus com Têmis) pois é esta a deusa da justiça e dos julgamentos, vingadora da violação das leis. Também solicito por meio de incessantes preces a Hipnos que se compadeça dos míseros miseráveis, e os despertem do sono mortal provocados pelo aliados de Mephisto.
             Aproveito a oportunidade para tornar público o fato de que, em consulta ao site oficial da Associação Internacional das Cidades Educadoras, foi observado que apenas 15 cidades do Brasil ainda se mantém como membro da Associação e Pilar-PB não está entre elas. As cidades são: Belo Horizonte, Campo Novos do Parecis, Caxias do Sul, Dourados, Itapetininga, Jequié, Porto Alegre, Santiago, Santo André Santos, São Bernardo do Campo, São Carlos, São Paulo, Sorocaba e Vitória.
       Pilar ficou pelo caminho. Creio que o ser responsável por este ato miraculoso quis escrever seu nome na história eterna e ao mesmo tempo efêmera do município. Torço para que tenha conseguido. Até porque, não deixará de ser motivo de orgulho não é mesmo?!



¹Extraído da Carta e Estatutos da Associação Internacional das Cidades Educadoras - Declaração de Barcelona (1990), p. 7-9. In.SILVA,Lucimário Augusto da. Pilar, da Aldeia Cariri aos Nossos Dias. João Pessoa, 2007. p. 157-161.




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