No
sertão do Piauí, a população sofria com a falta de água. A seca
afetava a agricultura, a economia e a saúde das pessoas. Pablo
estava no meio de todos esses problemas, pois seus pais
sustentavam-se da lavoura e, com a estiagem passaram a viver em
condições precárias. Já velho, doente e preocupado com o futuro
do filho, o pai de Pablo decidiu mandá-lo à uma periferia de
Brasília para viver com a tia.
Antes de partir, a mãe o
aconselhou a nunca envolver-se com política, pois culpava o Estado
pela situação delicada que passava, porquanto os político nunca
investiam o necessário para a resolução dos verdadeiros problemas
brasileiros e, seu filho jamais esquecera daquele conselho. Com
relutância, o menino partiu acompanhado por um amigo da família.
Após
dois anos, Pablo recebeu a noticia de que seu pai havia falecido. Por
dificuldades financeiras, não poderia vê-lo pela última vez. O
fato de não poder comparecer ao velório do próprio pai, o
entristeceu amargamente.
Pela
falta de orientação dos familiares e pela convivência com meninos
de má conduta, Pablo tornou-se um adolescente violento e passou a se
envolver em confusões na escola. No entanto, preferiu mudar quando
conheceu Maurício. O novo professor era um homem respeitoso, que
valorizava e incentivava os seus alunos; apegou-se a Pablo e sempre
dizia para ele nunca parar de estudar, porque acreditava que só a
educação transformaria o futuro do garoto. Admirado, o menino
prometia a si mesmo que quando crescesse iria ser igual a Maurício.
Depois
que Pablo terminou os estudos, ia todos os dias até o centro urbano
da cidade à procura de emprego. Contudo, o que encontrou foi uma
maré de dificuldades e preconceitos. Por ser negro, alto, forte e
andar mal vestido, as pessoas relacionava-o à marginalidade. As
vezes, no trânsito, quando ele se aproximava dos carros, os
motoristas levantavam os vidros dos seus veículos, assustados.
Diversas vezes, ao ser desprezado em alguns locais onde procurou
trabalho, as pessoas maltratavam-no, dizendo que não precisavam de
um bandido favelado, vagabundo sem educação. Em virtude desse
acontecimento, Pablo revoltou-se e acreditou que por ser pobre,
nunca na vida teria voz, nem vez dentro da sociedade. além disso,
por ser um jovem ambicioso, que desejava sua independência
rapidamente, deixou que seus “amigos” lhes mostrassem um caminho
mais “fácil”. Desse modo, ele começou a ganhar dinheiro
traficando drogas e roubando. Porém, certo dia, assaltou um homem,
sem saber que se tratava de um policial e acabou preso.
Atrás
das grades, Pablo amaldiçoou a si mesmo e recordou de toda sua vida
até ali. Ele se arrependeu dos erros que cometeu, lamentou ter
desistido tão cedo de lutar por igualdade. Entretanto, não podia
voltar no tempo, e assim, foi fadado a sofrer as consequências
dos seus atos e a viver
submisso perante a justiça, como um pequeno cão.
Gabriela Vital
(Aluna do 9ºano "A")