segunda-feira, 22 de maio de 2017

O RACISMO NOS LIVROS DIDÁTICOS




O livro didático configura uma ferramenta pedagógica muito importante para o ensino e aprendizagem dos alunos. Entretanto, “é preciso estar atento e forte”, uma vez que as discriminações étnicas ainda são muito constantes, visto que o estereótipo nos materiais didáticos acontece de forma evidente e intensa.
A Editora Formando Cidadãos mostra-se expert quando o assunto é a representação, nos livros didáticos (sobretudo, naqueles destinados ao público infantil) dos negros e dos índios como sendo preguiçosos, infelizes, naturalmente subalternos e completamente caricatos.
Basta um olhar atento para vermos nesses livros que chegam às escolas o índio representado de forma caricatural ou em situações do período colonial. Os negros quase sempre são retratados faxinando, executando trabalhos subalternos aos brancos, dormindo em ruas, sem contato com os livros, mal vestidos e infelizes. Em oposição a essa forma de representação do negro e do índio, os brancos são representados como pessoas felizes, estudiosas, bem vestidas e sorridentes.


Mais um exemplo.


Exemplo de estereótipo altamente preconceituoso.

 É bastante comum a representação de pessoas negras como infelizes, mal vestidos, etc.

Diante de tal realidade, vemos o quanto os materiais didáticos omitem a história dessas etnias afirmando o negro e o índio como marginalizados, sem memória, história, cultura e desprovidos da capacidade de pensar. Como consequência drástica, as crianças apresentam desinteresse pela história dessas pessoas, passando então a enxergá-las sempre como pessoas que merecem ser constantemente marginalizadas e excluídas por considerar que são destituídos de qualidades. De acordo com Santos (2007, sp.):

Os professores que usam os livros didáticos na sala de aula como suporte para desenvolver atividades educativas, muitas vezes não problematizam a questão no ambiente escolar. Muitos desses materiais são utilizados como complemento ilustrativo e são ocultados os fatos que fazem parte da vida dos indivíduos em formação.

            Isso representa um enorme perigo, pois as crianças se acostumam, por exemplo, a pensar o índio como sujo, preguiçoso e selvagem. Já os negros ocupam sempre um plano subordinado à cultura branca, visto que são retratados como intelectualmente incapazes, criminosos, infelizes e em situações de pobreza e miséria extrema. É importante ressaltar, assim como evidencia Santomé (1998, p. 131) “o papel da educação escolar é formar imagem livre de racismo e afirmar valores básicos necessários”. Sendo assim, os professores e os alunos podem trabalhar os estereótipos e as formas de discriminação do índio e do negro juntamente com a história e a cultura destas populações marginalizadas da sociedade.
            A Editora Formando Cidadãos tem repetido em diversos livros destinados ao público infantil formas de estereótipos altamente preconceituosos, salientando um paradoxo, principalmente, no que se refere ao seu nome. Neste sentido, vale a pergunta: que tipo de cidadão se pretende formar? Aquele que é bitolado pelos dogmas e práticas altamente racistas e segregacionistas? Se for, está indo bem. 
            Dessa maneira, é importante deixar claro que as formas de discriminação do índio e do negro nos materiais didáticos, bem como de qualquer etnia, não podem ser enxergadas como algo positivo e desprovidos da capacidade de efeitos drásticos. “É preciso estar atento e forte”. Atenção!

REFERÊNCIAS
SANTOMÉ, Jurjo Torres. Globalização e interdisciplinaridade: o currículo integrado- Porto Alegre: editora Artes Médicas, 1998. páginas 131 e 138.
SANTOS, Caisa Cruz dos. O estereótipo nos livros didáticos. FACED-UFBA, 2007.






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quinta-feira, 18 de maio de 2017

ENTRE MEMES E TREMES


Google Imagens/Reprodução

          A delação dos executivos da JBS, Joesley e Wesley Batista, acusando o Michel Treme de autorizar compra de toneladas de silêncio do ex-presidente da Câmara, Eduardo Acunha, para obstruir a operação Lava Pato provocou mais um caos político no Brasil. E com a notícia de que Aécin do Pó também foi gravado pedindo uma esmola de 2 milhões de reais aos executivos da JBS, o facebook ficou ainda mais repleto de memes e tremes de todas as ordens a ponto de fazer nascer o espírito de Jabor em muitos bocós que ainda nem aprenderam a ler status de 2 linhas.
            Enquanto a repórter e âncora do Jornal Nacional, Renata Vasconcelos, tomava fôlego para anunciar que os heróis da emissora para qual trabalha, na verdade, são arlequinas, muitas pessoas mudaram a forma de pensar. É melhor rir para não chorar. E neste contexto, concordo que é bom ter pretexto para não ficar mais decepcionado ainda.  
            Agora tudo muda. As fotos apagam-se de forma simples e automática e todo amor vira desgraça em forma de ódio pelo que “ninguém defendeu” com unhas e dentes, até descobrir que eram serpentes. Mas isso não é problema meu, nem teu. Porém, como o que o povo esconde o facebook mostra, o ruim disso tudo é que aumenta o número de bostas para vermos disfarçadas de posts, e aí é aquele pronto e acabou-se: “estou adorando o circo pegar fogo”, “vamos dividir o Brasil entre Império e República”...
            É incrível como cada facebuqueano, desprovido de uma visão social e política passa a se considerar patrão para furtar um pão que sempre comeu “sem saber” que fazia. São pessoas que amam almejar a noite quando é dia por adorar a vida preguiçosa, fácil e vadia só para dizer que não é o que sempre foi, isto é, um ID que procura o OTA colocando o carro na frente dos bois, apenas para afirmar, mesmo sem saber, que ninguém nasce, torna-se burro depois. Então... Saudemos os bons malandros e os donos de helicópteros de cocaína.


quarta-feira, 17 de maio de 2017

30 SANTOS SÓ PARA CHAMAR DE SEU!


  por Joan Saulo do Monte - 17/05/2017



O Brasil está prestes a ganhar 30 novos santos ainda em 2017 (que o calendário não sofra variação). A Máquina de fazer santos da Igreja Católica Apostólica Romana está a todo vapor, lapidando, esmerilando e colocando máscaras, panos e fundos para que os santos saiam com processo de acabamento perfeito e possam ganhar o mundo para agradar, principalmente, o público brasileiro que de uma só vez, praticamente, ganhará um santo para cada dia do mês. O motivo é simples. O Brasil está carente de santos, haja vista que são eles os responsáveis por estabelecer uma espécie de comprovação da vitalidade da Igreja.
Quando veio ao Brasil, no ano de 1992, o papa João Paulo II afirmou que o Brasil precisava de santos. “De muitos santos!” E não foi à toa que ele simplificou o tais processos, ficando na história como o papa que mais canonizou. De acordo com a BBC Brasil, o papa João Paulo foi o responsável por canonizar “482 santos em 26 anos de pontificado, mais de quatro vezes o que o restante dos pontífices do século 20, juntos, canonizaram.” Como diria o Kiko: Que coisa não!?
Em 1992 o Brasil não tinha nenhum santo, algo que foi mudando completamente com a canonização de Santa Paulina (em 2002 por João Paulo II), São Frei Galvão (em 2007, por Bento XVI) e São José de Anchieta (em 2014, pelo Papa Francisco).
Ainda este ano, mais precisamente no dia do professor (15 de outubro), o Brasil ganhará 30 santos novos só para chamar de seu. Dentre as pessoas que serão santificadas estão 27 leigos vítimas de massacres por intolerância religiosa durante a ocupação Holandesa no Nordeste brasileiro no ano de 1645. Há também um surfista prestes a ser canonizado. Se tudo ocorrer bem, muito em breve você terá um santo para quem pedir ondas gigantes. Os 27 leigos ainda não pontuaram no campeonato dos santos fazendo milagres, mas isso ainda não interfere no processo de canonização pelo fato de terem sido mortos por “ódio à fé”, de acordo com o papa, “senhor da palavra final”.
Diante desse contexto, espero que o papa conduza a igreja de volta aos caminhos trilhados pelas cruzadas, movimento organizado pela alta cúpula da Igreja Católica contra os muçulmanos e que também pode ser chamado como manifestação de ódio à fé. Sendo assim, teremos, num piscar de olhos, uma Galáxia de Santos providos de armaduras e com direito a casa do zodíaco para se abrigar durante a noite fria.